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Foto de Capa: Sky Sports |
Ao longo da sua longa carreira, o escocês nascido em Glasgow em 1941 venceu 49 títulos ao longo da sua carreira, sendo que 38 foram ao serviço do Manchester United FC. A estrela de Ferguson começou a brilhar em 1977, levando o Saint Mirren FC à conquista da Scottish First Division, a segunda divisão do país. No ano seguinte, a época do clube dos subúrbios de Glasgow não correu da melhor forma e, a 31 de maio, o técnico foi despedido do comando do Saint Mirren.
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Sir Alex celebra o seu primeiro título com o Saint Mirren Fonte: Pinterest |
A partida do clube não significou porém o desemprego para Ferguson. Dias depois de ter sido demitido, o treinador assinou pelo Aberdeen FC, equipa que tinha terminado o campeonato anterior na segunda posição. A juventude do técnico acabou por ser um enorme desafio no primeiro ano na cidade do norte da Escócia, com Alex Ferguson a ter dificuldades em gerir um vestiário com jogadores mais velhos do que ele. No final da época de estreia no Aberdeen, o clube tinha ficado apenas no quarto lugar da tabela, chegado à semi-final da Taça da Escócia e perdido a final da Taça da Liga para o Dundee United FC.
Na temporada seguinte, 79-80, Ferguson fez história ao conseguir acabar com o domínio de The Rangers FC e Celtic FC. Foi a primeira vez em quinze anos que o vencedor da Premier League escocesa não foi vencida por um dos dois gigantes de Glasgow e apenas a segunda conquista da história do Aberdeen, após o título de 54-55. Após vencer o título, o treinador afirmou que finalmente tinha os jogadores do seu lado e a acreditar no seu trabalho.
A mentalidade do clube começava assim a mudar e, em 1982, conquistou a Taça da Escócia ao vencer o Rangers no Hampden Park por 4-1, após prorrogação. A vitória na competição permitiu,à equipa escocesa a participação na Taça das Taças, extinta competição da UEFA, com todos os vencedores das taças dos países europeus.
A estreia na competição foi pouco brilhante, vencendo o KS Dinamo Tirana por 1-0 e empatando na Albânia. Na segunda rodada, Ferguson e os seus jogadores receberam no Pittodrie Stadium o KKS Lech Poznan, da Polônia, e venceram por 2-0. No segundo jogo, em Poznan, o Aberdeen voltou a vencer por 1-0 e marcou encontrou com o FC Bayern Munique.
Os gigantes da Baviera tinham vencido facilmente o Tottenham Hotspur FC por 4-1 e eram favoritos para o primeiro jogo, que foi disputado na Alemanha. Mas em campo tudo foi diferente, os corajosos escoceses – que nem William Wallace – resistiram ao forte adversário e conseguiram terminar o jogo com o placar em 0-0, trazendo o jogo para o norte da Escócia.
No segundo jogo, tudo começou mal, com o zagueiro Klaus Augenthaler a fazer o 1-0 aos dez minutos de jogo. Ainda antes do intervalo, o médio Simpson empatou a partida, mas o Bayern continuava na frente com os gols fora. No segundo tempo, e com uma hora de jogo, os alemães voltam a marcar por Hans Pflügel e o sonho escocês parece terminar ali. Era preciso dois gols para apurar o Aberdeen frente a uma equipa que tinha sido finalista da Taça dos Campeões Europeus no ano anterior. Faltava menos de um quarto de hora para jogar em Aberdeen quando a equipe de Ferguson reagiu. Alex McLeish, agora treinador da seleção escocesa, fez o 2-2 com 77 minutos e, no minuto seguinte, John Hewitt (que tinha entrado dois minutos antes) deu a virada no jogo e na eliminatória com o 3-2 e o apuramento para as meias, onde iria jogar com os belgas do KS Waterschei.
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John Hewitt marca o 3-2 para o Aberdeen frente ao Bayern Fonte: Evening Express |
Na final de Gotemburgo, na Suécia, o Aberdeen começou vencendo desde cedo, com um golo de Eric Black aos sete minutos. Juanito, um dos avançados merengues e goleador do time espanhol, empatou o jogo à passagem do primeiro quarto de hora. O jogo ficou empatado até ao fim dos 90 minutos e o Aberdeen voltava a discutir um título na prorrogação. Aos 112′, John Hewitt voltou a ser o herói escocês e marcou o golo histórico que deu a única conquista continental escocesa. Nas celebrações, o defensor Willie Miller falou que o momento de viragem tinha sido o jogo frente ao Bayern, uma vez que a vitória fez a equipa acreditar que a conquista era possível. Para Ferguson, este teria sido o momento em que sentiu que tinha feito algo de importante e meritório com a sua vida. Na mesma temporada, o Aberdeen venceu de novo a Taça da Escócia com um 1-0 frente, de novo, aos Rangers.
No início da temporada seguinte, os escoceses conquistaram a Supercopa Europeia ao Hamburger SV, após a vitória por 2-0 na segunda mão o Pittodrie, depois do empate a zero na Alemanha. Nos anos seguintes, o Aberdeen voltou a vencer o campeonato em 83-84 e 84-85 e a Taça em 83-84 e 85-86 até que, em Novembro de 1986, Ferguson aceita o trabalho como novo técnico do Manchester United. Esta não foi a primeira oportunidade para o escocês trabalhar em Inglaterra, uma vez que Wolverhampton Wanderers FC, Totenham e Arsenal FC já tinham proposto no passado o lugar de treinador a Ferguson.
A seis de novembro de 1986, há quase 32 anos, Alex Chapman Ferguson chega ao um Manchester United que pouco ou nada tem que ver com o atual. A equipa encontrava-se num péssimo 21.º lugar, tinha jogadores com problemas com o álcool e em baixo de forma. O primeiro desafio foi o Oxford United FC e terminou com uma derrota por 2-o; seguiu-se um empate a zero frente ao Norwich City FC e, por fim, no jogo em casa frente ao Queens Park Rangers FC a primeira vitória, 1-0 com um golo solitário do lateral dinamarquês Sivebaek. Os resultados foram aparecendo a um ritmo lento e o United iria terminar o campeonato com uma vitória em casa por 3-1 frente ao Aston Villa, ficando no 11.º lugar da tabela.
Para a temporada seguinte, e juntando ao trabalho mental de recuperação que Ferguson trouxe para Manchester, o clube contratou alguns jogadores e conseguiu terminar o campeonato seguinte na segunda posição, com o Liverpool FC do escocês Kenny Dalglish a sagrar-se campeão. Os anos seguintes não foram tão bem conseguidos, com os red devils a ficar na metade inferior da liga e com o espectro do despedimento a pairar em cima de Ferguson. Em dezembro de 1989, o técnico admitiu estar a viver o seu pior momento no Futebol.
Poucos dias depois, chegou 1990 e com ele tudo mudou para o escocês e para o Manchester United. Após um voto de confiança da direção do clube, mostrando que a aposta no treinador era para continuar, o United conseguiu chegar à Final da Taça de Inglaterra, onde enfrentou os londrinos do Crystal Palace FC. No primeiro jogo, disputado no mítico Wembley, a partida ficou 3-3 após 120 minutos de futebol, com Mark Hughes – contratado ao FC Barcelona no início da temporada anterior – a bisar na partida e a levar a decisão para um segundo encontro. Cinco dias depois, e de novo em Wembley, Lee Martin apontou o golo solitário que deu o primeiro troféu de Ferguson no clube inglês.
Na temporada seguinte, o United começou com a conquista do Supercopa Inglesa frente ao Liverpool e terminou 90-91 com mais uma conquista da Taça das Taças para Ferguson. O Manchester enfrentou o Barcelona de Johan Cruyff e venceu por 2-1 com mais dois golos de Mark Hughes, antigo jogador do clube catalão.
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Koeman, à esquerda, e Hughes marcaram os golos da final da Taça das Taças Fonte: Getty Images |
Começou aqui o verdadeiro reinado de Ferguson no Manchester United, um homem que soube sempre tomar as decisões difíceis de forma a melhorar a equipa. Na final da Taça frente ao Crystal Palace, o treinador trocou para o segundo jogo o seu goleiro titular e que o acompanhou desde Aberdeen, Jim Leighton, para fazer entrar o habitual suplente, Les Sealey, que manteve a sua baliza inviolada e realizou uma boa exibição.
O facto é que mais do que um treinador muito tático e com ideias diferentes de abordagem ao jogo, o grande trunfo de Ferguson passava pela sua capacidade de gestão dos seus recursos e de tirar o melhor de cada um dos seus jogadores. Até agora neste texto, já demos alguns exemplos de superação e de acreditar sempre na vitória, e é este um dos maiores talentos do escocês. O exemplo da final da UEFA Champions League de 1999 é um dos melhores exemplos disso, mas já lá chegamos.
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Ferguson com as estrelas formadas nas categorias de base do United Fonte: Pinterest |
Na década de 90, o Manchester United começou a dominar a novíssima Premier League, conquistando a mesma em 93, 94, 96, 97, 99 e em 2000 (falando apenas do século passado). Para além do futebol atrativo e com jogadores como Cantona, Andy Cole ou Peter Schmeichel, Ferguson começava a colocar no elenco e no onze jogadores formados nas categorias de base do clube. Os irmãos Neville, Nicky Butt, Ryan Giggs, Paul Scholes e David Beckham são todos jogadores que cresceram nas academias do clube e que foram aprendendo com Ferguson todo o conhecimento que o técnico tinha para dar.
Depois de se tornar o clube mais forte do campeonato inglês, o United partiu à conquista da Europa. Em 98-99, e depois de conquistar a Liga com mais um ponto do que o Arsenal de Wenger e a Taça de Inglaterra ao Newcastle United FC, os ingleses enfrentavam o Bayern de Munique na Final da Champions League, em Nou Camp, Barcelona, a 26 de Maio de 1999.
Logo com cinco minutos disputados, o meia Mario Basler marcou um livre direto sem defesa para o goleiro Schmeichel, que ficou sem reação colado ao relvado. O jogo caminhou depois num ritmo sem grandes chances e sem o United a assustar verdadeiramente Oliver Kahn durante grandes períodos do jogo. Os red devils chegaram aos 90 minutos a perder 1-0 e com Schmeichel e os postes, por duas vezes, a salvar o time.
Contudo, tudo mudou a partir da entrada de Teddy Sheringham e Ole Gunnar Solskjaer; os dois ameaçaram Kahn antes de, já dentro dos descontos, Sheringham marcar o empate em Nou Camp. Mais uma vez, o drama fazia parte de uma final disputada por Alex Ferguson e depois de a derrota parecer quase certa, o acreditar dava frutos. Mas o melhor estava ainda para vir e, aos 90+3 minutos, e após um canto do lado esquerdo, a bola chegou ao pé direito de Solskjaer que rematou para um golo fácil e decisivo. Foi o golo que dava a primeira Champions League a Ferguson, a segunda taça europeia ao United, depois de 1968, e um histórico treble ao clube, conquistando pela primeira vez três títulos importantes na mesma época.
Nesse ano, Alex Ferguson recebeu da Rainha Isabel o título de Sir.
No início dos anos 2000, o Manchester partilhou com o Arsenal e a sua armada francesa (Wenger, Pires, Henry, Petit e Vieira, entre outros), o domínio da Premier League, com os gunners a conquistarem o campeonato invictos em 2003-2004. Curiosamente, foi nessa temporada que chegou a Old Trafford um menino de 18 anos, chamado Cristiano Ronaldo. Contratado ao Sporting CP depois de um brilhante jogo em Alvalade, Ronaldo encantou desde cedo o exigente público britânico e foi lentamente se tornando uma das peças fundamentais da equipe de Ferguson. Aprendendo com o mestre escocês a melhorar o seu jogo, o jovem português foi melhorando e melhorando até vencer, em janeiro de 2009, a sua primeira Bola de Ouro.
Ao mesmo tempo, o United ultrapassava o Arsenal e o novo rico Chelsea FC de Abramovich e José Mourinho e vencia três títulos consecutivos (2007, 2008 e 2009), após três anos sem conquistas. A idade começava a pesar para Ferguson, com rumores de o término da carreira a existir desde 2002. Porém, no relvado – onde realmente conta – o treinador continuava a acumular títulos importantes e a equipa parecia voltar à melhor forma. Em Maio de 2008, o Manchester United disputou de novo uma Final da Liga dos Campeões, desta vez frente ao Chelsea agora de Avram Grant, que tinha substituído Mourinho após o seu despedimento no início da temporada.
Em Moscovo, no Estádio Luzhniki, o técnico escocês voltou a mostrar ser um treinador feito para os momentos decisivos. Após um 1-1 no final da prorrogação, com golos de Cristiano Ronaldo e Frank Lampard, o jogo foi para as grandes penalidades. Na decisão, John Terry escorregou no momento decisivo e Anelka permitiu a defesa a Edwin Van der Sar, dando o segundo título de campeão europeu a Ferguson.
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Ronaldo e Ferguson Fonte: Notícias ao Minuto |
Em 2013, e depois de mais dois títulos da Premier League em 2011 e 2013, Sir Alex decidiu largar a sua cadeira de sonho e deixar o comando do Manchester United, retirando-se do futebol. O seu legado é enorme e está visível aos olhos de todos. O clube passou a ser dos times mais conhecidos do Mundo, com milhões de fãs espalhados por todos os países e é, ainda hoje, o clube mais rico do Mundo, à frente de Real Madrid e Barcelona.
Como técnico, Ferguson fez crescer grandes jogadores como Giggs ou Beckham e foi um dos maiores responsáveis por Cristiano Ronaldo ser hoje o melhor jogador do Mundo. A sua relação com o craque português é como de pai e filho e mostra bem aquilo que o escocês significa para CR7.
Um ótimo gestor de recursos e de homens, um verdadeiro general que sabe que a tática de nada vale sem um psicológico forte e um treinador que soube se adaptar à evolução do futebol, tendo sido campeão em quatro décadas de futebol.
Fonte:www.sportsbooktime.tv